Grupo de Apoio ao Tibete-Portugal

Ação online: Envio de email aos/às Eurodeputad@s🇵🇹

 

Assunto do email:

“Acordo de Princípio” sobre Investimentos com a China e Boicote Diplomático Jogos Olímpicos Pequim 2022

 

Texto do email:

Exma/o. Senhor/a Eurodeputada/o,
Escrevo-lhe, como apoiante do Grupo de Apoio ao Tibete-Portugal, para trazer ao seu conhecimento as informações e solicitações infra.
Há quase vinte anos, apesar da maciça oposição global, o Comité Olímpico Internacional (COI) concedeu à China os prestigiados Jogos Olímpicos de Verão de 2008, alegando que os Jogos teriam um impacto positivo sobre os direitos humanos. O COI estava completamente errado. A China não apenas falhou em melhorar o seu histórico de direitos humanos, mas um encorajado governo chinês embarcou numa campanha de repressão que agora atingiu um nível sem precedentes. Os Jogos Olímpicos de Verão de 2008 em Pequim não foram um catalisador de melhorias ao nível dos direitos e nas vidas das pessoas que vivem sob o domínio chinês. Pequim usou o “prémio” como um endosso das suas políticas repressivas.
Os Jogos Olímpicos de 2008 marcaram o início de um período intenso de restrições e repressão sobre as mais básicas liberdades no Tibete. Desde 2008, a situação no Tibete sob ocupação deteriorou-se dramaticamente com o país inteiro a ser transformado num estado de vigilância de alta tecnologia, efetivamente isolado do mundo. As pessoas tibetanas não podem escapar e virtualmente ninguém tem permissão para entrar. As políticas da China criaram uma crise no Tibete e provocaram uma onda sem precedentes de autoimolações de monges, monjas e pessoas leigas. Mais de 155 pessoas tibetanas se autoimolaram no Tibete, desde 2009; a grande maioria morreu.
Mais de 1.000 prisioneiros/as políticos/as enfrentam tortura e até a morte no seio das prisões sob controlo chinês. Em janeiro de 2021, Tenzin Nyima, monge de 19 anos, morreu após ser brutalmente espancado/torturado pelas autoridades chinesas; havia sido detido por simplesmente ter solicitado em público a independência do Tibete. Em fevereiro, Kunchok Jinpa, um guia turístico tibetano, que cumpria uma sentença de 21 anos de prisão por “transmissão de segredos de estado”, faleceu devido às brutais agressões sofridas na prisão.
No Turquestão Oriental (Ch: Xinjiang), entre 1,8 e três milhões de uigures e outros povos turcos estão a ser mantidos em “campos de reeducação”, sofrendo um tratamento desumano e doutrinação política. Desde já, saudamos as sanções impostas pela União Europeia sobre quatro funcionários governamentais chineses envolvidos na gestão desses mesmos campos de concentração.
O desprezo da China pelos direitos humanos não deveria ser recompensado com a honra de albergar os Jogos Olímpicos.
Os boicotes diplomáticos aos Jogos Olímpicos não são algo novo. Em 1936, Espanha e a então URSS boicotaram os Jogos de Berlim. Em 1980, os EUA lideraram um esforço conjunto para boicotar os Jogos de Moscovo, em protesto contra a invasão soviética do Afeganistão. A China não enviou atletas aos Jogos de 1976, após uma disputa sobre a participação de Taiwan, e juntou-se a mais de duas dezenas de países que boicotaram os Jogos de Montreal em protesto contra uma tournée de rugby da Nova Zelândia na África do Sul. Enquanto o Canadá e a Alemanha ainda enviaram equipas aos Jogos de 2008, o canadense Stephen Harper e a alemã Angela Merkel recusaram-se a comparecer à cerimónia de abertura.
Da parte da União Europeia, é verdadeiramente fundamental uma oposição à campanha massiva de repressão da China no Tibete, no Turquestão Oriental, em Hong Kong e além. O contrário será encarado como um evidente endosso à tremenda campanha de repressão e abusos de direitos humanos por parte da China.
Com o COI a recusar-se a agir, mesmo com evidências de genocídio, está na hora da UE tomar uma posição de princípios firme e demonstrar que tem a vontade política para reagir contra os repreensíveis abusos de direitos humanos por parte da China; ao que acresce a renovada estratégia económica e visão geopolítica chinesa que representam, para a Europa, uma ameaça sem precedentes.
Assim, apelo a que:
– Não ratifique o “Acordo de Princípio” sobre Investimentos com a China, face aos mortíferos abusos de direitos humanos perpetrados pelo Partido Comunista da China.

– Proponha a adoção de uma posição comum de boicote por parte da UE, relativamente à participação diplomática de líderes nacionais e do Alto Representante da União Europeia para a Política Externa, nos Jogos Olímpicos de Pequim 2022; tal como foi realizado pelos/as eurodeputados/as em 2008, mediante a resolução condenatória da brutal repressão de manifestantes tibetanos/as por parte de forças de segurança chinesas.

 

Com os melhores cumprimentos,

XXXXXXXXXXXXXX

(assinatura)